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SAIBA MAISAs crianças são pequenos seres dotados de uma curiosidade enorme. Naturalmente, essa curiosidade estende-se às questões financeiras, sendo comuns perguntas sobre a origem do dinheiro dos pais ou sobre a sua utilidade. Neste artigo, vamos abordar algumas das questões mais comuns das crianças relativamente a dinheiro e finanças, com as respetivas sugestões de resposta para que não seja apanhado de surpresa.
Vamos começar pelos básicos: como é que se ganha dinheiro? Talvez a pergunta de resposta mais fácil, aqui deve explicar que é do trabalho que vem o dinheiro. Todas as pessoas precisam de trabalhar e há vários tipos de trabalhos diferentes. Pode também dizer que o que se ganha varia de trabalho para trabalho (não precisando de complicar a resposta entrando em detalhes sobre empresas e países onde os salários são mais ou menos elevados). Dê exemplos de trabalhos como “ensinar na escola”, “cuidar de pessoas doentes”, “construir casas” ou “vender coisas em lojas”. Talvez seja também uma boa ideia falar mais acerca dos trabalhos dos pais, para que a criança comece a compreender não só o que fazem, mas também a sua importância para a sociedade. No final, explique simplesmente que, em troca desse trabalho, recebe-se dinheiro. Esse dinheiro é o pagamento pelo esforço de cada um e pela ajuda que cada um dá com o seu trabalho.
Esta resposta ajuda a criança a entender que ganhar dinheiro é uma troca pelo trabalho e serviços que se oferecem.
Aqui, a resposta é muito semelhante, mas a pergunta pode vir mais direcionada para o núcleo familiar com a referência ao “nosso dinheiro”. Tal como na resposta anterior, explique que o dinheiro vem do trabalho que os pais fazem. Dê detalhes como a frequência com que trabalha, por exemplo: “todos os dias, a mãe e o pai vão trabalhar” e ainda “o nosso trabalho consiste em” ou “no trabalho, fazemos [detalhe sobre a atividade profissional]”. “Em troca, recebemos um salário, que é uma quantia de dinheiro. Esse dinheiro é usado para comprar as coisas de que precisamos, como comida, roupas, e para pagar pela casa onde moramos. Também é importante poupar uma parte do nosso dinheiro para o futuro e para emergências” (dar um exemplo de algo que a criança se lembre: uma avaria em casa ou uma emergência com um animal de estimação).
Pode ser útil mostrar que o salário é uma quantia fixa e que não se pode gastar mais do que se ganha.
Comece por descrever de que forma a procura por certas habilidades e a disponibilidade de pessoas qualificadas afetam os salários. Exemplifique com diferentes profissões e respetivos requisitos de formação. Alguns trabalhos pagam mais do que outros por várias razões. Primeiro, alguns trabalhos exigem mais educação ou treino especial, como médicos ou engenheiros, que precisam de estudar por muitos anos para fazer bem seu trabalho. Segundo, alguns trabalhos são mais difíceis ou perigosos, e as pessoas recebem mais dinheiro para compensar esses desafios. Terceiro, a quantidade de pessoas que podem fazer um trabalho também influencia: se poucas pessoas sabem fazer algo, esse trabalho pode pagar mais. Finalmente, algumas empresas ou indústrias têm mais dinheiro para pagar altos salários do que outras. Todos esses fatores juntos ajudam a determinar quanto uma pessoa ganha no seu trabalho.
Esta resposta ajuda a criança a entender que os salários são influenciados pela educação, habilidades, dificuldade do trabalho e economia de mercado.
Quando uma criança pergunta “Porque é que não podes comprar-me isto?”, é importante responder com honestidade e explicar de forma simples as razões, ajudando-a a entender sobre orçamento e prioridades. Diga-lhe que entende que gostaria muito de ter determinado brinquedo e que, juntos, poderão criar um objetivo de poupança e começar a poupar para comprá-lo, mas… neste momento, ainda não vai dar. Deve explicar que nem sempre podemos comprar tudo aquilo que queremos e que nem os pais fazem isso para si próprios; aquilo que é mais importante comprar é a comida para a família, pagar a água e a eletricidade que usam em casa, medicamentos quando estão doentes e outras prioridades. A seguir, por ordem de prioridade, há que guardar algum dinheiro para emergências que possam surgir. E se o frigorífico avaria e a comida se estraga? É preciso ter dinheiro de lado para o arranjar e, se for caso disso, substituir por um novo. A seguir às despesas mais importantes e à poupança para o fundo de emergência, podem então colocar na lista de desejos os itens que querem comprar e, quem sabe, noutra ocasião, poderão comprá-los.
Esta resposta ajuda a criança a entender a importância de priorizar necessidades e a planear compras, introduzindo conceitos básicos de orçamento e poupança.
Quando uma criança pergunta "Por que não podemos ir ao banco buscar mais dinheiro?", é importante explicar de maneira simples como funciona o banco e a importância de ganhar dinheiro antes de gastá-lo. Valide a lógica do pensamento ao afirmar que parece ser uma boa ideia ir ao banco buscar mais dinheiro, mas que na verdade, o banco guarda o dinheiro que ganhamos graças ao nosso trabalho. Quando ganhamos dinheiro no final do mês, esse dinheiro é enviado diretamente para o banco e sempre que compramos algo ou pagamos contas, esse dinheiro sai da nossa conta do banco. Ou seja, só podemos de lá tirar o dinheiro que é nosso e que, infelizmente, acaba. O resto do dinheiro que existe nos bancos pertence a outras pessoas e não temos acesso a ele.
Aqui, é muito importante explicar à criança que o banco não fabrica dinheiro novo e que a única forma de repor o nosso dinheiro é continuar a trabalhar para garantir que entra mais dinheiro todos os meses. Esta resposta ajuda a criança a entender que o dinheiro no banco é o resultado do trabalho e que o banco não é uma fonte ilimitada de dinheiro.
Esta é uma pergunta bastante frequente, mas que nem sempre é fácil responder com uma explicação adequada à idade da criança. Comece por esclarecer que uma das principais maneiras de um banco ganhar dinheiro é emprestando dinheiro a pessoas e empresas. Quando alguém pede dinheiro emprestado do banco, eventualmente terá que devolver o valor emprestado mais um pouco, e esse excedente chama-se ‘juros’. Os juros são como uma taxa que o banco cobra pela utilização do seu dinheiro. Além disso, os bancos também ganham dinheiro cobrando pequenas taxas pelos serviços que oferecem, como manter as nossas contas e fazer transferências de dinheiro. Assim, os bancos ajudam as pessoas a guardar e emprestar dinheiro, e ganham dinheiro por fazer esses serviços.
Esta explicação ajuda a criança a entender os conceitos básicos de empréstimos, juros e taxas bancárias, tornando o funcionamento dos bancos mais compreensível.
Quando uma criança pergunta "De quanto dinheiro precisamos para viver?", pode explicar de forma simples e acessível, destacando os principais custos de vida e a importância de um orçamento. A quantidade de dinheiro que precisamos para viver depende de várias coisas. Enumere a lista de prioridades já abordada neste artigo, começando por mencionar a importância de pagar a casa (seja alugada ou comprada), mantê-la, pagar as contas, comprar alimentos de boa qualidade para termos sempre energia e saúde e, ainda, guardar dinheiro para emergências ou para o futuro. Adapte a resposta à sua situação e estilo de vida, usando também as despesas com o(s) meio(s) de transporte da família como exemplo. Cada família pode precisar de uma quantia diferente, dependendo de suas necessidades e estilo de vida, mas o importante é ter o suficiente para cobrir essas coisas essenciais.
Será difícil responder com um número, mas no seu caso, pode - após apontar as despesas habituais e a necessidade poupança - referir que a família está a conseguir dar conta das mesmas e ainda colocar algum dinheiro de lado, pelo que aquilo que ganham com os seus trabalhos é o suficiente para viverem.
Muitas vezes, as crianças ouvem os pais e os avós queixarem-se de que os preços subiram, quer seja em artigos que já compram há muitos anos, quer seja nas utilidades de casa. O facto de as coisas estarem “mais caras” é também uma explicação frequente para o facto dos pais não poderem comprar algo no momento em que a criança pede, pelo que a pergunta deverá surgir eventualmente: “porque é que as coisas estão mais caras?”; aqui, o conceito a explicar é o da inflação, embora de uma forma o mais simplificada possível de forma a não confundir a criança. Explique que a inflação é o que se chama ao aumento geral dos preços e pode ser causada por fatores como a alta procura por produtos (que existem em menor quantidade) ou aumento dos custos de produção dos mesmos.
Nem sempre será possível (ou prático) responder a todas as questões financeiras dos seus filhos onde quer que elas surgem, mas tente guardar a explicação para quando chegar a casa quando as questões surgirem em supermercados ou similares, como tantas vezes acontece. Aí, conseguirá reunir os seus pensamentos, com calma, e esclarecer dúvidas que poderão parecer-lhe básicas, mas cuja explicação poderá fazer a diferença a longo prazo.
Responder de maneira aberta e informativa às perguntas das crianças sobre dinheiro não só satisfaz a sua curiosidade, mas também as prepara para um futuro financeiro mais sólido e consciente. Quando as crianças recebem explicações claras sobre como o dinheiro funciona, desde a sua origem até à importância de poupar e gastar com sabedoria, elas desenvolvem uma compreensão saudável dos conceitos financeiros. Esse conhecimento precoce ajuda a formar hábitos financeiros responsáveis, que são essenciais para a estabilidade e independência no futuro. Ao envolver as crianças em conversas honestas sobre dinheiro, estamos proporcionando-lhes as ferramentas necessárias para tomar decisões financeiras inteligentes e responsáveis ao longo da vida.
Se precisa de mais ideias para abordar conceitos financeiros com os seus filhos, continue a explorar o blog da Fidelidade, onde poderá encontrar artigos que o ajudarão a explicar a importância de uma poupança, de um fundo de emergência ou mesmo lições que as crianças poderão aprender com os desenhos animados.
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