O movimento F.I.R.E., iniciais de “Financial Independence, Retire Early” ou “Independência financeira, reforma antecipada”, é uma tendência crescente no campo das finanças pessoais. Surgido nos anos 90, este movimento tem ganhado força, especialmente entre a geração ‘millennial’, que trabalha num mercado cada vez mais global e digital, com novas formas de investimento ao seu alcance.
A ideia base do FIRE é conseguir gerir os rendimentos de tal forma que, após 15 ou 20 anos de trabalho, uma pessoa consiga reformar-se antecipadamente, muitas vezes aos 40 anos. Parece uma meta irrealista para muitos, mas para os adeptos do FIRE, este objetivo é possível com uma estratégia rigorosa de poupança e investimento.
Os seguidores deste movimento estão dispostos a poupar uma parte significativa do que ganham, visando parar de trabalhar aos 40 e dedicarem-se a projetos que realmente lhes façam sentido. O princípio é simples: ao atingirem um valor de poupança específico, vivem apenas dos rendimentos gerados por esses investimentos.
A maioria dos adeptos do movimento FIRE segue a regra dos 4%, que permite retirar até 4% dos seus investimentos por ano sem comprometer o valor total investido. Por exemplo, para alguém que deseje um rendimento anual de €12.000 (cerca de €1.000 por mês), o valor de poupança necessário seria de €300.000, aplicando a regra dos 4%.
No entanto, este tipo de estratégia exige uma mudança de mentalidade radical e um compromisso com a poupança severa e o investimento diversificado. Em países do sul da Europa, como Portugal, a adesão ao FIRE pode parecer uma miragem, mas com disciplina, frugalidade e o desenvolvimento de conhecimentos sólidos em finanças pessoais, é possível adotar este estilo de vida.
O movimento FIRE ganhou notoriedade com a publicação do livro “Your Money, Your Life”, de Vicki Robin, em 1992. Nele, a autora apresenta conceitos como a ‘suficiência’ – o que é necessário para nos sentirmos bem versus o consumismo – e a ‘frugalidade’, defendendo que ser poupado e autossuficiente pode conduzir a uma maior liberdade financeira.
Robin também explora a ideia de “energia vital”, referindo-se ao tempo e energia que trocamos por dinheiro, e defende que devemos trabalhar por paixão e propósito, e não por necessidade económica.
Mais do que a reforma antecipada, o verdadeiro objetivo do movimento FIRE é alcançar a independência financeira. O foco está na liberdade de escolher o que fazer com o tempo e os recursos financeiros, permitindo dedicar-se a projetos pessoais, causas sociais e à comunidade, algo que muitos adeptos consideram essencial para a felicidade e realização pessoal.
Apesar de estar em voga, o movimento FIRE também recebe críticas. Muitos afirmam que o plano é pouco realista, especialmente em relação à inflação e à volatilidade dos mercados financeiros, o que pode colocar em risco a estabilidade financeira dos seus adeptos a longo prazo.
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