Uma vida financeira mais saudável é aquela que foge a créditos constantes para coisas não essenciais e para o consumo que é luxo para os rendimentos de determinado consumidor. No entanto, na prática, muitas vezes, é impossível prescindir de um computador essencial para trabalho ou estudo, e de tantos outros bens realmente necessários, numa época em que tantas famílias têm problemas financeiros e corte de rendimentos devido à pandemia ou à inflação, por exemplo. Para alguns consumidores juntar os créditos todos num, ou seja, recorrer ao crédito consolidado, pode ser a única opção de cumprir as suas obrigações mensais e manter a sua estrutura de vida. No entanto, esta solução não serve para todos e, em alguns casos, pode ser prejudicial. Perceba o que implica esta escolha e se se adequa ao seu caso.
O crédito consolidado é uma solução que permite agregar todos os créditos, reduzindo as prestações mensais. O consumidor contrata um novo crédito semelhante a um empréstimo pessoal, para liquidar todos os restantes créditos e a sua poupança mensal pode chegar aos 60%, nos casos em que esta solução é viável. Evita o pagamento de juros e comissões por atrasos constantes nos créditos que já tem, e pode ser uma boa medida para continuar a cumprir os compromissos financeiros e aliviar as pessoas em tempo de crise. Facilita também a gestão dos pagamentos, dado que passa a ter apenas um pagamento mensal. No entanto, a longo prazo, revela-se mais cara.
No crédito consolidado o alargamento do prazo em que se paga os empréstimos pode representar um aumento dos juros suportados ao longo de todo o contrato, apesar de a mensalidade diminuir. O ideal para quem opta por esta via é fazer amortizações antecipadas sempre que tiver disponibilidade financeira no futuro, de modo a diminuir a carga de juros.
É de notar que em situações de desemprego, incumprimento ou penhora já não é possível aceder a este tipo de crédito.
A banca aceita cada vez menos este modelo de consolidação, sobretudo quando o cliente não tem garantias, como uma hipoteca. A agregação de créditos pode ser feita ao Crédito Habitação ou podem ser apenas agregados os créditos ao consumo e cartões de crédito.
Mesmo que não tenha um imóvel para dar como garantia, ainda é possível encontrar algumas instituições de crédito que oferecem crédito ao consumo consolidado. Neste caso, a taxa de juro será sempre superior ao praticado no crédito hipotecário, e o prazo máximo é de sete anos. Caso pretenda consolidar créditos com prazos superiores a sete anos, só o conseguirá fazer se tiver um imóvel como garantia.
Se decidir consolidar créditos, deve evitar que o valor da mensalidade do crédito (taxa de esforço) seja superior a 35% do valor do rendimento mensal, tal como aconselha a Defesa do Consumidor. Se for maior já é considerada elevada e faz com que seja mais complicado resolver outras situações imprevistas ou difíceis na vida de alguém, como perda de rendimento ou doença.
Da mesma maneira, não é aconselhável avançar logo com a primeira proposta que veja. Peça várias simulações, compare a oferta de vários bancos/financeiras e decida pela que apresenta a TAEG (taxa anual de encargos efetiva global) mais baixa. É aqui que se vê o custo total do crédito e a que for mais baixa representa o crédito mais barato. Neste capítulo, não esqueça que o mercado da banca está muito diferente: há concorrência e há quem lhe dê vantagens. Na atualidade, vale sempre a pena estar atento à economia e reavaliar estas opções, e a renegociação de créditos em geral, com alguma regularidade (máximo 2 anos), porque pode poupar bastante.
Outra questão a verificar quando decide consolidar créditos é o prazo do novo crédito. Contrate o prazo mais curto que lhe permita ter uma prestação confortável mediante o que ganha na atualidade. Quanto maior for o prazo mais irá pagar em juros e mais caro ficará o crédito no final. E não deve esquecer que um crédito que lhe custaria 4 mil euros, pode ficar em 8 mil. Portanto o crédito consolidado pode valer a pena, ou até ser um «mal menor», mas atenção para não pôr em causa toda a sua vida financeira futura.
E não se esqueça: para consolidar o crédito habitação com outros créditos pessoais, a solução mais razoável passa por fazer uma transferência do Crédito Habitação para outro banco, incluindo o montante total dos créditos pessoais e cartões de crédito.
Note-se que, neste caso em que consolidar está associado ao Crédito Habitação, com a subida das taxas de juro (que estavam há anos em mínimos), a consolidação pode deixar de compensar.
Outra questão a equacionar é informar-se sobre as comissões por amortização antecipada que terá que pagar. Em alguns casos, estas comissões são suficientemente altas para fazer com que não compense optar pela consolidação.
Cada caso é um caso, mas, em algumas situações, a consolidação pode ser desvantajosa e pode conduzir a um aumento generalizado do custo associado aos créditos. Faça as contas todas, informe-se e peça apoio de especialistas, se for necessário, antes de tomar qualquer decisão.
Em finanças pessoais jogue na antecipação: assim que vir a sua situação a dificultar-se (mais mês e menos dinheiro), deve reagir de imediato para poder gerir as suas finanças com soluções que ainda lhe deem vantagem: o tempo é o segredo. Às vezes basta uma transferência do Crédito Habitação com melhores condições para ganhar uma folga mensal que lhe permite ficar mais à vontade.