As últimas crises em Portugal e no mundo fizeram com que muita gente perdesse bens, estabilidade financeira e algum do equilíbrio de vida que tinha anteriormente conquistado. A guerra na Europa, a crise dos combustíveis e dos cereais são as ‘crises’ do momento, em meados de 2022. E tudo isto deve fazer qualquer consumidor pensar e criar novas estratégias.
Deixamos-lhe neste artigo algumas pistas para começar a sentir, rapidamente, que, mesmo com rendimentos limitados, é possível melhorar. O que importa para chegar a um objetivo é a consciência de que isto se faz em pequenos passos e, com consistência, chegará a algumas metas. O que conseguir servirá para viver com mais tranquilidade e isso não tem preço.
Uma aplicação de telemóvel de controlo de gastos, ou até uma folha de Excel, para fazer o orçamento mensal, vai fazê-lo perceber, ao fim de muito pouco tempo, para onde vai afinal o seu dinheiro. A partir daí, as conquistas estão ao seu alcance. Quem não mede, não consegue gerir. Por isso meça tudo e nunca se esqueça de celebrar pequenas conquistas e de se presentear.
O chamado fundo de maneio, a expressão tão portuguesa ‘pé-de-meia’, é mesmo inultrapassável em finanças pessoais. Uma base para emergências deve ter mais ou menos seis salários em produtos de capital garantido facilmente resgatáveis, ou seja, depósitos ou certificados de aforro. Claro está que não serve para férias e despesas correntes. Serve para uma urgência, um eletrodoméstico estragado, um carro avariado, um instrumento de trabalho indispensável, ou qualquer tipo de necessidade incontornável, mas que, idealmente, não esteja ligada a bens de luxo ou lazer. Viver no limite não dá tranquilidade a ninguém. Comece hoje, mesmo que vá fazendo isto ao longo do tempo, ao ritmo possível para si.
Investir em vários produtos financeiros e nas suas vantagens responde a outro velho ditado que diz: não devemos colocar os ovos todos na mesma cesta. Espalhar o investimento tem como meta sobretudo diminuir os vários tipos de risco. A depender do seu perfil de investimento, pode optar por produtos com capital e/ou taxa garantida, onde ganhará menos ou outros de maior risco. Mas sempre com dinheiro de que não precise para viver, bem entendido. Colocar uma parte, ainda que menor, em produtos de médio e longo prazo, mas com maior potencial de rendimento, mesmo sem capital garantido, como alguns fundos de investimento e seguros financeiros, pode ser mais recompensador.
Para comparar taxas, use sempre os comparadores online, antes de decidir. Pesquisar em fontes de informação fiáveis e isentas - como jornais da especialidade, blogues de especialistas, programas de informação nesta área -; não se acomodar aos produtos do banco ou da seguradora onde está há anos e comparar sempre com outras soluções são dicas a não esquecer. No caso dos produtos financeiros mais simples, como depósitos a prazo, ou seguros financeiros de capital e rendimento garantido, há diferenças muito relevantes. Não se esqueça que a banca e as seguradoras mudaram muito nos últimos anos em Portugal, que a concorrência é maior e que estão sempre a surgir novos produtos. Semestralmente, pelo menos, há novidades.
Uma das coisas em que conseguimos poupar mais é na renegociação de despesas de que não podemos abdicar, mas podemos reduzir porque o mercado atual oferece uma escolha alargada. Reavalie os pacotes de eletricidade, gás, telecomunicações: mude de operadora/prestadora de serviços ou desista de serviços que usa pouco. Opte por serviços bancários sem custos de manutenção, ou seguros financeiros com reduzidos encargos para os clientes, já há muitas contas/produtos de seguros assim no mercado.
Evite ao máximo que o dinheiro das suas poupanças fique na sua conta habitual que usa para pagar todas as suas despesas. Nada como criar uma simples conta poupança, ou até uma conta na banca online (apenas movimentada com cartão e aplicação/site), para depois decidir, em consciência, onde vai reinvestir o dinheiro.
Esta é uma regra fundamental que deve aplicar todos os dias para combater compras por impulso. Pense sempre duas vezes (10 segundos!) antes de tomar a decisão de comprar qualquer coisa. “Porque é que preciso disto?” Não conseguiu responder? Então é provável que não precise assim tanto do produto em questão.
Há já alguns anos que a ideia de ‘feio’ ou ‘gasto’ já não se associa aos artigos de segunda mão. Pelo contrário, a reciclagem e reutilização estão na ordem do dia para os consumidores responsáveis que querem diminuir a pegada ecológica. Atualmente existe um grande desperdício de objetos e dispositivos em condições perfeitas, desde roupa, a móveis, aparelhos eletrónicos, etc. Em Portugal estes mercados estão a ganhar fôlego e grande qualidade.
O mundo digital ganhou um avanço notável com a pandemia e é uma tendência para ficar. Aqui está algo que o pode fazer poupar muito dinheiro, tempo e combustível. Os processos de trocas e devoluções estão cada vez mais facilitados, com a vantagem acrescida de poder comprar no mundo todo. Há descontos que compensam muito, como produtos eletrónicos, parafarmácia ou vestuário. Explore os sites ou agregadores que lhe dão mais vantagens e junte-se com amigos ou família para dividir os portes de envio.
Vale a pena pensar nas suas compras com antecedência, refletir sobre produtos que usa e que já sabe que vai precisar, bem como sobre qual a melhor época do ano para comprá-las. Se conseguir comprar em contraciclo, ou seja, roupa de verão no inverno e vice-versa, pode conseguir grandes descontos online, por exemplo. Esteja atento às datas das épocas de saldos e mesmo às promoções semanais, nomeadamente dos supermercados (para comida, produtos de farmácia e gasolina). Uma ajuda é seguir os sites e as apps que publicam semanalmente os descontos dos produtos que sabe que gasta sempre, e que são essenciais. Pode também usar os comparadores de preços, como o da defesa do consumidor, Deco, o comprar Aqui, ou o KuantoKusta, por exemplo. Outra forma de poupar e apoiar a economia é recorrer a pequenos produtores ou comércio local. O que poupa em grandes superfícies, pode não compensar a deslocação, tempo e cansaço. Devemos fazer sempre as contas – e tempo é dinheiro - para ver se realmente há vantagem.
O trabalho híbrido, o teletrabalho e algum ensino à distância estão para ficar. Quer isto dizer que é provável ficar mais horas em casa, com consumos maiores. Há gestos simples como desligar eletrodomésticos, contratar uma tarifa bi-horária, aproveitar o calor do formo ou usar lâmpadas LED de baixo consumo, que lhe podem poupar muito dinheiro. É importante aprender a poupar na eletricidade, gás, combustíveis, climatização da casa ou preparação de alimentos.
Podemos manter a nossa vida cultural e social, mas aproveitar os eventos de baixo custo (abaixo dos 10 euros) ou totalmente gratuitos. Lembre-se do ‘dia do espectador’ (cinema e teatro); ou ao domingo, no caso dos museus. Há muitas agendas culturais úteis e outras ligadas às câmaras municipais e juntas, para além da imprensa cultural, que o ajuda na escolha. Lembre-se das bibliotecas públicas, onde pode requisitar livros, música, filmes e jogos, dos serviços de cinema livres. Reunir amigos e família aproveitando o ar livre também ajuda a poupar: escolha jardins, parques e praias.